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A geração de ouro da canoagem brasileira

Um olhar sobre a geração mais prolífica da canoagem brasileira


Por Carlos Ludwig

18 de novembro de 2021


No esporte, os ídolos são os grandes responsáveis por angariar o interesse do público brasileiro para suas modalidades. Ayrton Senna, Guga, Popó, entre tantos outros atletas, com seus resultados de destaque internacional foram grandes responsáveis por fazer o Brasil se juntar para torcer e se orgulhar por seus atletas em modalidades as quais não são práticas culturais em nosso país.


Nas últimas edições dos jogos olímpicos novos ídolos surgiram. Rayssa Leal, Gabriel Medina, Mayra Aguiar, e na canoagem, o nome que vem ganhando idolatria é de Isaquias Queiroz que vem chamando a atenção desde Rio 2016 quando bateu recordes, sendo o único brasileiro a conquistar três medalhas em uma única edição das Olimpíadas. Além de Isaquias Queiroz, o Brasil vem colecionando nomes importantes na canoagem velocidade. Erlon Silva, Ana Sátila, Jacky Godman e Edson Silva são alguns atletas que vêm colecionando medalhas em jogos Sul americanos e Pan-americanos.


Isaquias Queiroz é grande expoente da canoagem brasileira. Foto: Gaspar Nogueira/COB

As modalidades olímpicas têm em sua origem atividades do cotidiano transformadas em esporte. O atletismo é um grande exemplo de disputa oriunda de exercícios do dia a dia. O esporte se tornou a melhor forma de medir quem é mais rápido, forte e quem possui capacidade de saltar mais longe. A canoa é um dos meios de transporte mais antigos que temos conhecimento, importante na arte da pesca e da caça foi desenvolvida como esporte apenas em 1840 e quase 100 anos depois iniciou como um esporte olímpico nas olimpíadas de Berlim em 1936. No início, com percursos de inimagináveis 10 mil metros, para efeito de comparação, hoje o maior percurso que existe na canoagem é de 1000 metros.

A canoagem velocidade pode ser disputada em caiaques com os competidores sentados e com dois remos para dar velocidade. Outra possibilidade é a disputa em canoas com os competidores ajoelhados e com um remo apenas. Podendo participar um, dois ou até quatro competidores dentro das canoas ou caiaques.


Jacky Godmann à frente do barco com Isaquias Queiroz na disputa do C2 1.000m da canoagem de velocidade em Tóquio. Foto: Yara Nardi/Reuters


O Brasil na canoagem

No ano de 1984 o Brasil recebeu as primeiras canoas oficiais, fato que facilitou a criação da Associação Brasileira de Canoagem em 1985, que em 1989 se tornaria a Confederação Brasileira de Canoagem que tornaria viável a participação do Brasil na canoagem nos jogos olímpicos. A primeira olimpíada disputada pelos brasileiros foi a de 1992 em Barcelona. A partir de então, o país acelerou o processo de evolução no esporte, participando de campeonatos mundiais e sediando eventos importantes e teve sua primeira medalha olímpica em 2016 quando disputou as olimpíadas em casa, diante da sua torcida.


O Rio Grande do Sul foi o berço da canoagem com a chegada do alemão José Wingen em 1943 na cidade de Estrela, construindo seus caiaques inspirados nos caiaques alemães. Com a profissionalização do esporte no Brasil, o Rio Grande do Sul revelou bons atletas na canoagem. Gustavo Selbach, Álvaro Koslowski, Gilvan Silva e o destaque da atualidade Edson Silva. Edinho,como é conhecido, é um dos melhores atletas brasileiros nessa última década, conquistou cinco medalhas nos jogos Sul Americanos de Medellín em 2010, sendo três ouros e duas pratas. Nos jogos Pan-americanos de Toronto em 2015, conquistou um bronze e uma prata, também coleciona um ouro que colocou no peito no Pan-americano do Rio de Janeiro em 2007.


Edson Silva é um dos principais canoístas gaúchos em atividade. Crédito: Fernanda Carvalho.

Os treinamentos dos atletas de alto nível são sempre bem pesados e intensos. Na canoagem velocidade, as competições são em águas calmas e isso não significa moleza. Puxar uma canoa apenas com um remo exige muita força física dos atletas, Edson Silva, mais conhecido como Edinho, fala um pouco sobre a rotina de preparação para as competições: “Tenho uma planilha de treinamentos, definida pelo meu técnico Thiago Borges, essa planilha contém diversas atividades: água, musculação, corrida, ciclismo e natação. Treinos seis dias por semana com a quilometragem e tempo de cada atividade já prescrita”.


Além do preparo físico, Edinho aponta as necessidades que servem de pilar para um canoísta competir em alto nível: “Precisamos de estrutura e uma organização prévia para os treinamentos que nos permitem disputar as grandes competições”.


Para ter toda essa estrutura e organização que o Edinho comentou, a parte financeira dos atletas tem muita importância. Desde 2003, temos no Brasil a Lei do Incentivo ao Esporte, que tem mecanismos que permitem às pessoas físicas doar até 6% do seu imposto de renda para o esporte. Estudos apontam que o investimento financeiro no esporte não é a única garantia de sucesso, países com PIB e educação elevados tem números melhores nas competições esportivas.


A Lei de Incentivo ao Esporte é diluída entre projetos que envolvem crianças, jovens, adultos, idosos, esportistas de alto rendimento e pessoas com deficiência. Edinho comenta sobre a necessidade de patrocínios vindo de empresas: “O esporte no Brasil não possui valorização necessária do governo federal e o patrocínio acaba sendo uma forma de manter o atleta no esporte, sem isso o atleta não conseguiria se dedicar integralmente ao esporte.”

Temos uma evolução evidente da canoagem no país, com a demora até a criação da Associação Brasileira de Canoagem, ficamos um pouco pra trás. A comparação com países mais desenvolvidos no esporte, como Alemanha e Hungria é complexa por todo contexto sociocultural da canoagem nesses países. Hoje, o Brasil começa a colher frutos de todo o trabalho e dedicação de atletas como o Edson Silva que fazem a canoagem brasileira prosperar no cenário mundial.


Edinho já representou o Brasil em Olimpíadas e Pan americanos. Crédito: Fernanda Carvalho.

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