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Manter a saúde mental é essencial durante a pandemia

Por Júlia Bervanger Atualizado em 29 de março de 2020 às 18:55 horas



Ilustração: Juliana Dörr Arnold

O momento em que vivemos é completamente novo e o desconhecido assusta. Medo, preocupação e estresse são sentimentos normais, mas como lidar com essas emoções? Manter-se mentalmente saudável durante o período de isolamento social é essencial, mas como conseguir manter-se equilibrado? Como lidar com o estresse gerado pelo medo? E no trabalho, devemos ser 100% produtivos e estar ocupados o tempo todo? Para quem adotou o modo de trabalho em casa, vai ser como no ambiente de trabalho? E as informações, é importante manter-se atualizado o tempo todo sobre a Covid-19 e por todos os meios de comunicação possíveis? Com base nessas perguntas, a doutora em Psicologia Social e Institucional pela UFRGS e professora da Universidade Feevale, Carmem Giongo, deu algumas dicas para que você se mantenha mentalmente saudável e saiba como agir com sabedoria em um momento tão delicado como esse.



De acordo com a especialista, existem vários cenários e para cada um as recomendações são diferentes . “Quando falamos de saúde mental em frente à pandemia nós precisamos entender que existem vários cenários. Existem os cenários das pessoas que estão isoladas e trabalhando em casa. Existem as crianças que estão isoladas em casa, existem os idosos, existem grupos diferentes”, lembra. Parte da população é composta por grupos menos favorecidos nesse momento de isolamento social. “Existem também os trabalhadores que estão na linha de frente, produzindo alimentos, os profissionais da saúde atendendo as demandas, os profissionais que trabalham em supermercados, por exemplo, em farmácias, e existem também os trabalhadores ou trabalhadoras informais que estão em trabalhos precários, as pessoas que vivem na rua. Então falar sobre saúde mental na pandemia é considerar essas diferenças e esses diferentes grupos, essas diferentes demandas”, explica Giongo.


Entre as dicas da psicóloga para quem está em casa, trabalhando ou aguardando o fim da quarentena, as recomendações incluem cuidar também da saúde física. "De modo geral, a própria Organização Mundial da Saúde recomenda algumas ações que envolvem a realização de exercícios, tentar manter uma alimentação saudável, olhar filmes, materiais que não tenham diretamente a ver com o momento que a gente vive para se distrair. Selecionar um momento do dia para olhar as notícias sobre o cenário atual, e selecionar os canais de comunicação onde serão as fontes de informação porque existem muitas informações falsas, isso inclui as redes sociais. Evitar ficar o tempo todo no celular e tentar manter uma rotina", lista a professora.


Trabalhadores na linha de frente

Ilustração: Juliana Dörr Arnold

Quanto aos trabalhadores que estão em serviços prioritários, a psicóloga lembra principalmente dos cuidados básicos essenciais. “Com relação aos trabalhadores que estão na linha de frente, que estão trabalhando ativamente para atender as pessoas, é importante os cuidados já recomendados pelo Ministério da Saúde, pela OMS, que envolve a higiene, o cuidado consigo e com os outros”, salienta. Ela destaca que esses trabalhadores não estão na mesma situação dos trabalhadores que permanecem em casa. É preciso lembrar-se de outros cuidados, para também manter a mente saudável na medida do possível, além dos básicos relacionados a higiene. “É uma situação mais complicada porque muitas vezes esses profissionais precisam se isolar das suas famílias para não correr o risco de transmitir o vírus. Então é bem importante manter contato mesmo que a distância, trocar ideias com os colegas que estejam na mesma situação, buscar apoio com profissionais capacitados da psicologia, psiquiatria, da medicina, enfim buscar esse apoio, e ter períodos de descanso é essencial”, recomenda.


Entre os grupos analisados pela psicóloga, o mais vulnerável é aquele que mais depende de ações do Estado. “A gente tem também o grupo de pessoas que trabalham em trabalhos precários ou que estão em situação de rua. Essas pessoas talvez também tenham atitudes que seriam importantes, como buscar uma fonte de informação segura e tentar manter o máximo possível o cuidado consigo e com os outros. Não compartilhar materiais de alimentação na medida do possível, buscar políticas públicas que ainda estão atendendo, buscar apoio. Com esses grupos é muito mais o Estado que tem o papel de preservar e de oferecer suporte no que se refere à saúde tanto física quanto mental", reforça.




Cobre-se menos

Carmem Giongo. Foto: Guilherme Santos

No que diz respeito diretamente à saúde mental, a professora faz algumas sinalizações importantes, principalmente para o grupo que permanece em casa. “O que eu queria sinalizar, que é bem importante, é que temos recebido uma enxurrada de informações, de atividades, de trabalho. É importante que a gente se acalme. A situação é crítica e é importante não ficar se cobrando o tempo todo, se cobrando produtividade, se cobrando atividade, porque existe uma sobrecarga emocional. Estamos vivendo um estado de exceção", lembra. Giongo reforça que o momento que estamos presenciando é completamente desconhecido. “Estamos todos vivendo algo que nunca vivenciamos antes, não temos outras experiências similares para saber temos que lidar com isso. Se acalmem, se respeitem, aceitem que a produtividade no trabalho não vai ser a mesma, existe uma sobrecarga aí, no cuidado com a casa, com os filhos”, destaca.

Para os pais que estão com os seus filhos em casa a psicóloga explica que nem tudo pode ser levado para casa como o escritório para o home office. “Para quem tem criança em casa não é simplesmente uma transição, uma transferência de todas as atividades que vocês faziam antes e agora irão fazer em casa. Mesmo para aqueles que têm trabalho remoto”, afirma. Por fim, a dica é se acalmar, e sobretudo, se respeitar e ser fiel com seus sentimentos. “É importante se respeitar e estar atento aos seus sentimentos, as suas angústias, e entender que é normal estar com medo, é normal estar inseguro, conversar com os amigos, conversar com os pares, seguir as orientações das entidades que respondem pela nossa saúde, e, se considerar necessário, procurar ajuda psicológica. Existem vários canais que estão oferecendo atendimento, tem psicólogos que estão fazendo atendimento online, então compartilhe os seus sentimentos, mas não negue, não se encha de atividade também, não ache que a sua produtividade vai ser a mesma, porque não vai, e está tudo certo, estamos vivendo um momento de exceção e de muito estresse", finaliza.

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